sábado, 11 de junho de 2016

John Coltrane - Olé


Artista: John Coltrane

Álbum: Olé Coltrane

Ano de lançamento: 1961

Gravadora: Atlantic Records

Mídia: CD (1989)

Síntese Crítica: 


John Coltrane é um dos jazzistas mais famosos, o que me levou a escutá-lo logo que comecei a me interessar por Jazz há uns 18 anos atrás. Não sei porque me deparei logo com esse disco quando comecei a pesquisar sobre ele, mas acredito que foi o nome do álbum que me chamou atenção. A faixa que dá nome ao álbum e faz a abertura do trabalho é um dos temas de jazz que mais me emocionam, são 18 minutos que passam quase desapercebidos pela qualidade da música ali apresentada. Esse tema é ótimo como introdução para o universo jazzístico para não iniciados, no meu entendimento a beleza da melodia e a execução primorosa dos músicos chamam atenção dos apreciadores de boas músicas. 

As gravações de jazz desde o início estiveram restringidas pela capacidade técnica da época. Os discos tem limites físicos de tempo que conseguem receber. A diferença do que era realizado ao vivo e nas jam sessions sempre esteve limitado pela questão técnica do que a mídia física poderia suportar. O podia ser feito ao vivo do que poderia ser registrado sempre foi uma barreira importante. Por isso a duração dessa faixa não é nada  aleatório, 18 minutos era o tempo máximo que um lado de um disco de 12" suportava de gravação sem perda de qualidade musical. O LP estava há pouco tempo no mercado, mas traria uma inovação técnica importante para o jazz pois permitia ampliar o tempo de registro dos temas. Algumas resenhas apontam que essa era uma exigência de Coltrane aproveitava assim o máximo que os recursos técnicos de sua época podiam oferecer para mostrar a dinâmica do conjunto sobre o tema. 

A entrada da flauta de Eric Dolphy sempre me chamou muita atenção e até hoje me emociona quando escuto. As críticas do álbum apontam que existe uma influência dos ritmos afro-ibéricos a partir do álbum de Miles Davis Sketches of Spain. O conjunto tradicional de Coltrane é adicionado de um trompete, uma flauta e mais um baixista. O segundo baixo é usado de forma muito interessante, enquanto um dos baixos marca o ritmo do tema espanhol o ouro fica com mais liberdade de improvisação. A sonoridade do baixo complementar em alguns momentos é muito similar a um violoncelo. Esse seria o último álbum do saxofonista para a Atlantic, e conta com estilo similar a um dos maiores sucessos de Coltrane no álbum My favorite Things. As gravações do álbum ocorreriam no mesmo momento em que Coltrane já estaria produzindo material para seu novo selo, Impulse.


Músicos:

Jonh Coltrane: Sax soprano, Eric Dolphy, Flauta e Sax Alto, Freddie Hubbard: trompete, McCoy Tyner piano, Reggie Workman baixo, Art Davis Bass, Elvin Jones: Bateria.


Conjunto de John Coltrane similar ao que gravaria o álbum Olé em performance ao vivo num dos clubes de jazz mais tradicionais de Nova Iorque: Eric Dolphy, Reggie Workman and Art Davis, The Village Gate, New York, NY 1961 Photo Herb Snitzer

Fontes:
http://www.sputnikmusic.com/review/60236/John-Coltrane-Ol%C3%A9-Coltrane/
https://www.amazon.com/Ole-Coltrane-John/dp/B000002I59?ie=UTF8&*Version*=1&*entries*=0
https://www.allaboutjazz.com/ole-john-coltrane-atlantic-review-by-john-ballon.php
https://www.theguardian.com/music/john-coltrane




sexta-feira, 10 de junho de 2016

Lista - Nova Geração da Música Brasileira

A nova geração da música brasileira tem feito um trabalho incrível de renovação musical e vem mantendo altíssimo nível, honrando a tradição de qualidade. Essa lista é resultado de pesquisas no Spotify, que tem um bom acervo desses artistas. Essa lista tem atualização permanente, na medida que vou descobrindo novidades vou adicionado músicas. Falta muita coisa que eu gosto ainda, mas que irei adicionando com o tempo.


 

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Jonas Sá - Blam! Blam!



Artista: Jonas Sá

Álbum: Blam! Blam!

Ano: 2015

Gravadora: Coqueiro Verde

Mídia: CD

Síntese crítica: 

Nos últimos tempos comecei a dar atenção para os novos artistas da MPB e tive gratas surpresas nas descobertas musicais que fiz. Realmente frente ao que foi os anos 1980 e o início dos anos 1990 as últimas décadas de 2000 e 2010 registram o ressurgimento de jovens de música brasileira de alta qualidade e linguagem moderna nas diversas regiões do país. Acho que fiquei interessado nesse disco porque ele saiu em várias listas dos melhores do ano de 2015 e além disso a capa é simplesmente fantástica. Logo fiquei curioso e baixei para escutar, mas também fiquei atento nas lojas se aparecia um CD ou vinil para comprar. Até que numa andança em uma loja consegui o CD. Valeu o esforço, o belo trabalho de arte e musical que justifica e da um gostinho especial na compra da obra física. A capa é um nu frontal do fotógrafo Jorge Bispo, da série Apartamento 302. O time de músicos que o companham também merece destaque pelo alto nível. Seu irmão, Pedro Sá, guitarrista da banda Cê do bem sucedido projeto de Caetano Veloso. Participações de Domenico Lancelloti, Donatinho, Joana Adnet, Nina Becker, Moreno Veloso além de um amplo conjunto de músicos consagrados do Rio de Janeiro como Alberto Continentino, Rafael Rocha, entre outros. O disco é definido pela maioria da crítica como uma colagem de sons, ideias musicais que o autor foi gravando e desenvolvendo com um celular ao longo do tempo. Esse rascunho musical foi desenvolvido e lapidado no estúdio. A temática do disco é ditada pela capa e bela arte do CD que é a temática da sexualidade em suas múltiplas esferas. A arte também apresenta técnicas de colagens de imagens de Molokid, o projeto gráfico do CD é de Júlia Rocha. Musicalmente o disco é muito interessante. Não foi nas primeiras audições que eu gostei, precisei de escutar algumas vezes para começar a curtir o ambiente proposto pelo artista. Considerei o disco um pouco irregular, tem 14 músicas, talvez se tivesse escolhido 11 a 12 teria ficado um disco mais regular, mas isso é uma questão de gosto pessoal. De todo modo vale destacar o alta dose de experimentalismo e sucesso na construção de uma obra contemporânea. Como destaque positivo vale a maneira escrachada e aberta que o artista usa para criar a atmosfera para cada uma das faixas. O Rio de janeiro é uma cidade sensual e sexual, nesse aspecto o disco reflete tudo que envolve esse cenário nessa Rio-Babilônia, alias, a estética da pornôchanchada dos anos 1970 sem dúvida pé uma das referência do disco.

Arte interna do CD - Colagem de Molokid




Fonte:
http://www.jorgebispo.com/category/ensaios/
http://miojoindie.com.br/disco-blam-blam-jonas-sa/
http://trabalhosujo.com.br/os-75-melhores-discos-de-2015-32-jonas-sa-blam-blam/
http://www.blognotasmusicais.com.br/2015/03/album-de-jonas-sa-blam-blam-chega-em.html
http://oglobo.globo.com/cultura/musica/jonas-sa-lanca-pop-experimental-blam-blam-16344630




quarta-feira, 1 de junho de 2016

Elizeth Cardoso - A Cantadeira do Amor



O projeto gráfico do disco de Mello Menezes faz alusão ao coração retalhado de Elizeth


 Artista: Elizeth Cardoso

Álbum: A Cantadeira do Amor

Gravadora: Copacabana

Ano: 1978

Mídia: LP

Sempre digo aos colecionadores de discos que quanto mais você pesquisar sobre música, mais opções você terá no mercado de discos de vinil. Quanto maior a abrangência do gosto musical, maior a possibilidade de achar discos excepcionais musicalmente que ficam largados nas lojas e com preços ótimos. Nesse álbum duplo em ótimas condições paguei R$ 18 reais. Sendo assim esse disco é um excelente exemplo dessa ideia. Um dos últimos discos de Elizeth contaria com produção luxuosa. A cantadeira do amor, nele a Divina faz uma introspecção autobiográfica em sua intensa e conturbada vida amorosa através de grandes canções de compositores de várias gerações da música brasileira, de Noel Rosa e João de Barro a Gilberto Gil e João Bosco.

Temos uma das maiores cantoras brasileiras acompanhada de músicos consagrados num álbum duplo. Elizeth Cardoso é uma cantora sobretudo extremamente versátil que passearia com êxito em todos os ritmos de canções modernas brasileiras, samba-canção, bossa nova, sambas de roda, sambas do morro entre outros. Essa variedade de canções e ritmos está presente no álbum sambas, canções, bossas . Entre sua ampla discografia vale destacar esse disco. O álbum como o nome diz tem como temática o Amor. Dois discos, quatro lados, cada um dedicado a um tema: Súplica, Memória, Solidão, Esperança. Cada face reúne um conjunto de canções que se encaixam no tema. Na face Súplica por exemplo, temos sambas de Baden Powell e Vinícius de Moraes, Sem Você de Tom e Vinicius, Acontece de Cartola. O lado Memória reúne sambas de antigos e novos compositores como João Bosco e Aldir Blanc e Chico Buarque com Noel Rosa e João de Barro. O lado solidão traz Bom Dia tristeza de Adoniram Barbosa e Vinicius de Morais, Amor em Paz com Tom e Vinicius. O texto que acompanha o encarte destaca que os elementos da súplica e da solidão já estariam presentes no cancioneiro de Elizeth que seria acrescido nesse disco da temática esperança, uma esperança interrogativa. Nesse tema reúnem-se canções de Cartola, Menescal e Boscoli (A Volta).

O coração retalhado de Elizeth seria inspiração para o livreto de encarte em forma de coração. A programação visual é do artista plástico Mello Menezes, que deixaria sua marca em uma série de discos clássicos da música brasileira. A produção do álbum era grandiosa contando com orquestra com regência do maestro Radamés Gnattalli. Os músisos que a acompanhariam no disco eram de primeiro quilate entre eles o violonista, guitarrista e produtor Hélio Delmiro, o acordeonista e compositor Sivuca. O baterista Wilson das neves e do maestro e multi-instrumentista Sergio Carvalho. O disco foi produzido por Hermínio Bello de Carvalho, produtor de destaque com larga parceria com a cantora Elizeth Cardoso.

Capa do LP Copacabana 1978


O selo do disco está alinhado ao projeto gráfico destacando o tema no caso: memória
Um dos melhores temas do disco Mancada de Gilberto Gil, acompanhada pelo violão e voz de João Aquino: 


Fontes:

http://cliquemusic.uol.com.br/discos/ver/a-cantadeira-do-amor