·Participações especiais: Mar’tnália,
Felipe Cordeiro, Ilê Aiyê, Filipe Catto, João Sabiá.
Foto da contracapa do CD
Síntesecrítica: Qualidades musicais como virtuosismo instrumental, capacidade
de composição, arranjar, ter uma linda voz e saber cantar são em geral mal
distribuídos, temos cantores espetaculares que não compõem e por aí vai. Quando
essas qualidades juntas se encontram numa única pessoa é que aparecem os
gênios, alienígenas, os Pelés e por aí vai. Maíra Freitas vem confirma no seu
segundo disco que tem condições de aspirar lugar nesse disco voador, no grupo
dos monstros. Vale lembrar na memória quantos artistas parecidos na história da
música popular, mulher negra, pianista, compositora e arranjadora? Alguém se
lembra de alguém? Só consigo lembrar de Tânia Maria, que sairia do Brasil após
episódio trágico. O ponto de vista feminino se destaca na temática das letras e
se oxigena o universo predominantemente masculino da MPB. Já tinha gostado
muito do seu primeiro disco então assim que vi o segundo nas lojas não hesitei
em levar para avaliar. O álbum confirma o que se espera de um artista com
tamanho número de atributos e mostra amadurecimento de sua personalidade
musical. O nome do disco resume bem o trabalho, piano e batucada. Pela descrição
de Maíra o piano tem seu lado percussivo, popular, das ruas e um lado erudito,
virtuoso e lírico combinação que está presente no seu estilo mesclando piano
clássico com os ritmos populares tradicionais do país. O disco conta com
participações especiais de artistas de destaque da atualidade, como sua irmã Mar’tnália,
Fillipe cato e Felipe Cordeiro. A maioria das composições são assinadas por
Maíra.
Síntese
crítica: Hélio Delmiro é um dos maiores instrumentistas brasileiros e
talvez o melhor guitarrista de sua geração. Provavelmente meu guitarrista
brasileiro favorito, tem um estilo jazzístico que foi reconhecido por grandes
artistas do gênero. Acho que comecei a reparar no trabalho dele provavelmente
escutando os álbuns clássicos da Elis Regina ou os discos de Vitor Assis Brasil.
Ele é daqueles músicos que estão presentes em vários discos especiais da minha discoteca. Com Elis ele participaria do clássico Elis & Tom e quase todos
com o Vitor Assis Brasil. Como produtor Delmiro teria destaque com a cantora
Clara Nunes que o dedicaria um dos seus discos após 10 anos de parcerias.
Delmiro produziria também o melhor disco de João Nogueira, Vem que Tem. Esses
discos de grande sucesso comercial lançados pela EMI-Odeon provavelmente
ajudaram Delmiro a lançar seu primeiro álbum instrumental numa época em que a
indústria fonográfica há muito já lançaria esse estilo apenas marginalmente. O mercado fonográfico da música instrumental teve seu auge nos anos 1960 com a Bossa Nova e o Samba Jazz sofreria um forte revés na década seguinte. Sobreviveria apenas com o lançamento de discos independentes ou de artistas consagrados. Isso faz desse álbum ainda mais especial. Emotiva é seu primeiro álbum solo, lançado em 1980. A dissertação de Bruno
Rosas Mangueira é uma ótima referência sobre a vida e obra de Hélio Delmiro. A
principal referência musical de Delmiro é o guitarrista Wes Montgomery, que
seria incomparável Suas influências jazzísticas são inspiradas no
bebop e a maioria de suas referências musicais são de artistas de outros
instrumentos, como John Coltrane, Charlie Parker, Cannonball Adderley. O disco
é fantástico, sem dúvida honra a tradição da música instrumental brasileira de
excelente qualidade. Os temas do álbum refletem bem as influências de Delmiro,
dois temas de composição de Vitor Assis Brasil, um de Milton Nascimento, dois
standards jazzísticos e composições do próprio Delmiro.
Mídia: LP
LP Emotiva EMI-Odeon 1980 depois de rodar na vitrola
Dom Um Romão um baterista e percursionista
brasileiro nascido no Rio de Janeiro que teria o início de sua carreira artística
no contexto da Bossa Nova. Gravaria discos clássicos de Samba Jazz e estaria
presente nas gravações antológicas do estilo como as sessões de Stan Getz e
João Gilberto e Sinatra e Jobim, entre vários outros é considerado um dos principais
desenvolvedores rítmicos da batida da Bossa Nova. O sucesso da Bossa Nova no
início dos anos 1960 nos Estados unidos abriu fronteiras de intercâmbios entre
músicos brasileiros e jazzistas residentes nos EUA que resultariam num grande
número de gravações que se mantém até os dias de hoje. Um dos melhores
resultados desse longo intercâmbio encontra-se nesse álbum de Dom Um Romão para
a Muse. Um time de cobras entre brasileiros e estrangeiros gravariam um disco
antológico fora do universo da Bossa, mas fortemente marcado pelos ritmos
afro-brasileiros. No encarte do álbum Dom Um faz questão de ressaltar sua
origem negra como fator proeminente para seu domínio rítmico. Os diversos
ritmos afro brasileiros dominados por dom Um Romão tem suas origens ancestrais
na África, no conjunto de tradições culturais populares preservadas nas
comunidades negras urbanas da cidade . As transformações posteriores à Bossa
Nova diminuíram o espaço da música instrumental e muitos dos músicos que
participaram desse movimento migram para os EUA em busca de melhores
oportunidades. Esse álbum é um ótimo exemplo do que o mercado americano poderia
oferecer para eles. Robert Palmer destaca na contra capa do disco como a bossa
nova também ofusca os ritmos brasileiros populares tradicionais, lacuna que
esse álbum buscou preencher. O resultado é uma bela fusão de ritmos brasileiros
e jazz. Segundo Dom Um Romão o álbum é inspirado no Samba de Rua, conjunto de
ritmos ensinados na escola da rua, baterias de blocos carnavalescos cariocas. O
selo Muse é um importante selo jazzístico na década de 1970, criado por Joe Field ex-produtor do selo clássico do Jazz Prestige.
Coleção:
Vi essa reedição importada numa loja dando sopa, não conhecia o álbum mas como
gosto muito de outros discos dele resolvi comprar para experimentar. Putz, passou a ser um
dos meus LPs favoritos. A qualidade da prensagem da reedição da Muse é
fantástica.
Rob Halford, Simon Phillips, Ian Hill, Glenn Tipton, K.K. Downing
Músicos:
Rob Halford: Vocal
·K.K. Downing: Guitarra
·Glenn Tipton: Guitarra, Piano
·Ian Hill: Bass: baixo
·Simon Philips: bateria
Síntese
crítica do álbum: Terceiro disco da banda, primeiro disco numa grande
gravadora. Columbia. Produzido pelo baixista do Deep Purple Roger Glover. Críticos destacam que é uma continuidade do
bom trabalho anterior Sad Wings of Destiny, como se fosse um lado B do disco
anterior. Não vejo tanto dessa maneira, acho que disco tem importantes
inovações em relação ao anterior Disco marca um amadurecimento da banda e o
traço mais blues rock praticamente some. Um álbum muito bem avaliado, mas que
muitas vezes fica esquecido nas citações entre os melhores da banda. Alterna
canções pesadas com baladas de forma interessante, mas que torna para alguns um
disco irrregular. Destaque sem dúvida na maioria das resenhas recaí sobre a técnica
vocal do jovem Rob Halford. A balada Last Rose of summer é um exemplo disso, apesar
de estar deslocada no contexto do álbum agrada a muitos fãs do estilo, e acho
que é um ótimo exemplo da capacidade vocal do futuro careca. Um dos destaques
do disco é Dissent Agressor que seria gravada posteriormente pela banda Slayer.
Alguns críticos destacam que o disco não tem o reconhecimento que merece como
um dos principais percursores do Thrash Metal por apresentar um dos primeiros
exemplos de uso da técnica de bateria de Double-Bass, que viria a ser popular
no trash. Essa mudança só foi possível graças a presença do baterista Simon
Phillips, formado no jazz e na época com 19 anos, era um dos poucos com técnica
suficiente para se ajustar aos acelerados riffs de guitarra que o Judas
apresentaria. A banda já dá cenas do estilo que viria a adotar nos álbuns
seguintes. A review de Brant David destaca que é importante lembrar que estamos
em 1977 e esse disco marca grande parte do que viria a ser conhecido como a New
Wave of Brithish Heavy Metal. O que faz o disco não estar entre os principais
da banda talvez seja por conta da irregularidade, com algumas canções destoando
da média geral como Last Rose of Summer. O ponto forte do álbum sem dúvida é a
performance vocal de Halford, com juventude, capacidade vocal e técnica
apurada.
Coleção:
Judas Priest talvez seja a banda de Heavy Metal clássica, é a minha banda
favorita do estilo. Esse disco tem uma das minhas músicas favoritas da banda
que é Raw Deal, grande lado B do metal. Essa música apesar de dispersa na
discografia e estar longe dos clássicos é talvez minha favorita. O motivo é
combinação perfeita entre as guitarras afiadas e a voz dando um show de técnica
vocal. Na época de adolescente adquiri o CD e depois de anos comprei o vinil
recentemente.